terça-feira, 28 de abril de 2015

A casa antiga


Uma escuridão percorre aquelas

Paredes, não sei bem

Se de desgosto consentido

Se de tristeza que perdura

Numa sombra alquebrada

A debruçar solenemente

Ao final da tarde.

 

As mesas em desalinho

Isentos estão de ternura

Uma toalha branca bordada

Recolhida às pressas

Sem maior serventia.

 

As vozes calaram-se

Em festas que não há mais

Dos aniversários passados

Não restaram nem lembranças

Que se vão diluindo

Numa casa mais vazia.

 

Nem as roseiras ficaram

Arrancadas do lado

Num canteirinho que

Vicejam as ervas

Daninhas e o musgo

Resistentes ao tempo

Verdejante se vinga

Esparramando-se no abandono.

 

Casa que em momentos

Derradeiros um anjo de branco

Passou

Num mármore passou seu lenço

Fazendo girar a roda do tempo.

 

Ficarão nas paredes

Sob as tintas a saga dos heróis

Do passado

Que respingam agora

Respiram sossegados.

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